segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Mordendo o Coração



A Endocardite Infecciosa (EI) é uma doença comum, que causa alto índice de mortalidade. Em torno de 20% dos doentes não sobrevivem.Trata-se de uma infecção da parede interna do coração ou das válvulas do coração e uma de suas causas é a má conservação dos dentes.
Ocorre quando há presença de microorganismos, como bactérias, no fluxo sanguíneo e estas encontram tecidos cardíacos danificados, ou válvulas cardíacas anormais, onde podem se multiplicar livremente, causando uma infecção.
O Incor, que é um centro de referência na doença, registra a cada mês dez a doze pacientes com endocardite. Cerca de 40% destes casos têm origem bucal e são descobertos tanto por infecções espontanêas, resultantes de dentes ou gengivas em mau estado, quanto pela manipulação de área infectada para tratamento odontológico.Nestes casos, o que provoca a doença é a bactéria Streptococcus viridans, que habita normalmente a boca, sem provocar qualquer dano. Mas, ao entrar na circulação, esta bactéria vai parar no coração e pode provocar a endocardite.
Raramente, também pode ocorrer em pessoas com coração normal. Entretanto, se a pessoa tem algum fator predisponente, há maior probabilidade de desenvolver E.I. Isto é particularmente importante no Brasil em função da alta frequência de outra doença, a Febre Reumática. Também ocorre devido à alta incidência de cáries nos dentes e de doença periodontal (gengivite e periodontite).
Portadores de doenças ou lesões de válvula cardíaca e cardiopatias congênitas devem ter a máxima atenção com a saúde bucal. E havendo necessidade de algum tipo de manipulação dentária, deve identificar-se ao dentista como portador de tais doenças e levar declaração do cardiologista de que precisa tomar um antibiótico preventivo, antes de qualquer intervenção.
A Febre Reumática surge a partir de uma infecção na garganta mal tratada, na infância. Acomete as válvulas do coração, principalmente as do lado esquerdo, deixando-as propícias ao desenvolvimento da EI. Daí a necessidade do uso de antibiótico profilático em pacientes com febre reumática.
Outro fator que aumenta as chances de desenvolver a doença é a presença de cáries. Sabe-se que os procedimentos para tratamento da cárie podem causar a passagem das bactérias para a corrente sanguínea. Estas bactérias, por sua vez, podem causar endocardite em pessoas predispostas. Algumas doenças periodontais, como gengivite e periodontite, também aumentam o risco de E.I. A gengiva deve ter coloração rósea claro, não sangrar quando escovar os dentes, não apresentar inchaço e ter boa aderência aos dentes. Se a pessoa tem algum problema cardíaco deve procurar um dentista regularmente e apresentar boa higiene oral.
Nem todos os tipos de endocardite podem ser prevenidas. Porém, se a pessoa tem problema no coração e vai ser submetida a um procedimento dentário,é bom procurar um profissional especializado em atender pacientes especiais. Se a pessoa tem problema cardíaco, como alteração causada pela febre reumática, precisa manter a saúde bucal, pois o risco de desenvolver E.I.,é alto.
Pessoas transplantadas cardíacas precisam manter a saúde bucal e precisam do atendimento de um cirurgião-dentista especializado, um profissional que entenda a interação dos medicamentos consumidos e ainda conheça a prevenção de problemas que podem ocorrer, pois os medicamentos ingeridos por um transplantado abaixam a imunidade.
Pacientes que fazem uso de anticoagulantes podem ter problemas com sangramento, em alguns procedimentos dentários, como extração de dentes, cirurgias bucais e limpeza dentária, e pode ser de difícil controle. Por isso, o paciente em uso desse medicamento deve procurar atendimento odontológico especial, pois medidas locais devem ser adotadas para evitar hemorragias.
Pessoas sem dentes correm o risco de ter E.I, principalmente, a causada por fungos em quem usa dentadura, na qual deve ser feita a limpeza após as refeições. O dentista deve ser procurado para avaliar as mucosas e os ossos adjacentes, através de radiografia.E pode descobrir, através da desta, raízes de dentes que permanecem nos ossos, após a tentativa de extração, ou mesmo pelo próprio curso da cárie, assim como algumas lesões que podem representar focos infecciosos, levando a um maior risco de Endocardite e podendo até impedir a cirurgia cardíaca, caso essa seja necessária.

Na correria do dia a dia,é muito comum esquecermos de fazer a higiene bucal.
Vamos tentar lembrar.
Cuide bem dos seus dentes,
Seu coração agradece!

Dra.Márcia Cristina
Fonte: SOCESP / INCOR

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